Alfama's Fado..

27.5.16


Este foi um optimo motivo para três amigas se juntarem e passar algum tempo de qualidade. Longe das rotinas, das responsabilidades, das exigências. 
Para mim foi uma oportunidade de matar algumas saudades de um sitio onde já vivi e do qual tenho boas recordações. Desta vez ficamos em Alfama. 
A estadia foi marcada por alguns pontos engraçados (como sempre que nos juntamos). Eu e a minha amiga de.. 3x2e vão 4.. de há 24 anos, chegamos primeiro. Fomos refrescar ao apartamento e seguimos para o Parque das Nações, muuuuito devagar, e de forma muito relaxada. Tão relaxada que ao faltarem 20 minutos para o concerto estavámos sentadas á beira rio, a comer umas sandes. Cabelos ao vento, despreocupação no coração. De vez em quando, olhavámos para a porta, e efectivamente parecia haver pouca gente. Vantagens do nosso Golden Circle, pensamos nós. Uma de nós lembra-se de se calhar ir entrando. Para guardar um bom lugar. Tudo bem, digo eu. Foi quando a nossa cara de patas inocentes (a inocência é tão linda) fez rir a quem estava na loonga fila para entrar. Afinal, se calhar, não éramos assim tão especiais, mesmo com um golden circle ticket nas mãos. Coisas da inocência. 
Acabado o fabuloso concerto, resolvemos ir comer qualquer coisa. Foi na fila para o taxi, que uma das minhas mosquiteiras repara no meu casaco. Casaco que tinha tirado do armário onde estava fechado há anos. Motivo esse pelo que o pobre coitado se estava a desfazer todo. Mas desfazer, desfazer. Desfazer de deixar pedaços por onde passava tipo migalha na floresta. De noite e na correria ainda não tinha reparado, mas quando o tiro para ver do que ela estava a falar é que me deu o choque. Rir e rir. Foi só rir. Rir pelo facto de ter gasto 1 Euro para o guardar no Meo Arena. Rir porque os senhores do bengaleiro estavam prontos para me pedir para guardar o euro e ainda me oferecer mais um para eu substituir o pobre coitado do casaco sem eu perceber ainda porquê. Rir porque elas defendiam que era para o deitar já no lixo ali ao lado. Eu, sem saber bem porquê, ainda não estava preparada. Ainda carreguei o seu corpinho morto no meu braço durante o resto da noite. Motivo que as fazia rir e a mim ainda mais. Valha-me a vontade de me rir de mim própria. Ainda nos rimos do motorista do taxi, que falava sem parar e onde descascou na Adele sem ainda se aperceber que era de lá que vínhamos. Mas por outro lado ele era mais fan do "Joy" Cocker. O jantar tardio serviu para repor conversas entre amigas e embaladas por gargalhadas e lagrimas lá fomos dormir para o dia seguinte. 



Acordamos para a luz de Alfama. Para o seu cheiro a grelhados logo ás 9 da manhã. Para as vozes altas das vizinhas que falam de uma varanda para a outra e pelo grupo de turistas que percorrem constantemente as ruas.
Foi de manhã que me senti preparada para me despedir do meu casaco. Foi num caixote de lixo de Alfama que o deixei. Triste, confesso. Não. Não tinha conserto, nem sequer dava para caridade. Tive que me render ás evidencias e as minhas amigas renderam-se de novo ao riso. Tenho pena de não ter um foto dele, mas resolvi proteger a sua privacidade nestes seus últimos momentos.

















Chegamos a Santa Apolónia 45 minutos antes da hora de partida do comboio. Ainda amassadas pelo concerto, resolvemos sentar no banquinho mesmo em frente ao comboio. Repito. Mesmo em frente ao comboio. Aquela grande máquina. Resolvemos ir buscar um gelado. Conversa puxa conversa, prova gelado aqui, prova gelado ali.. Mais uma vez completamente despreocupadas com o tempo ou horários. Por um golpe de sorte, uma de nós lembra-se de irmos para o comboio. Já nos devem deixar entrar, sai-se alguém com esta. Faltavam 3 minutos para o comboio arrancar e entramos nele a correr como quem percorreu uma enorme distância para o apanhar e não apenas os 3 metros que separava o banco onde estavamos sentadas e o comboio. Soltamos gargalhadas mais uma vez. Mas só as soltamos porque se realmente tivessemos perdido o comboio, para o qual estavamos a olhar nos últimos 45 minutos a gargalhada era menos convincente.
E esta descontracção só se tem quando nos sentimos bem com quem estamos. E com as minhas amigas, família que eu escolhi para me acompanhar e quem escolhi acompanhar, eu sinto-me bem. Melhor impossível.

For you my girls,
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Sofia Almeida

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